Antes de ler o diálogo abaixo vejam o vídeo do Dr. Marco Silva sobre a questão da Interatividade na Educação.
Olá Pessoal,
É muito bom escutar a voz de vocês e as informações novas que podemos construir a partir de nossas interações, não é mesmo?
A questão da mudança de paradigma de nossa sociedade é um dos pontos fundamentais a ser compreendido por nós, a fim de que possamos ultrapassar modelos tradicionais de produção de conhecimentos em favor de novos posicionamentos relacionais, interativos e dialógicos de criação dos saberes.
Como aponta Marco Silva (2009), o "ciberespaço e cibercultura significam rompimento paradigmático com o reinado da mídia de massa baseada na transmissão. Enquanto esta efetua a distribuição para o receptor massificado, o ciberespaço, fundado na codificação digital, permite ao indivíduo teleintrainterante a comunicação personalizada, operativa e colaborativa em rede hipertextual".
Ora, como a maioria de vocês apontaram não são poucas as experiências que temos do modelo educacional que valoriza a transmissão de conteúdos de forma irrefletida, sem a participação/interação dos ouvintes e sobretudo, a partir de um modelo de imposição de valores de uns sobre os outros. Ora, isto não seria (de certo modo) os princípios da cultura de massa no seio da educação?
Atualmente, com a cibercultura a educação não pode admitir mais este tipo de relação monológica e unidirecional (em que só um fala e diz sobre o saber). Mas, sobretudo, que os espaços de criação e produção dos saberes acontecem no ciberespaço, em um espaço e tempo dialógico e com uma potencialidade de criação de saberes de forma co-participativa e interativa.
Neste sentido, não sou eu que sei e o outro que escuta o que sei e sim somos nós que sabemos e criamos/produzimos os saberes co-participativamente e interativamente. Pois, como aponta André Lemos (apud SILVA, 2009) o ciberespaço é o “hipertexto mundial interativo, onde cada um pode adicionar, retirar e modificar partes dessa estrutura telemática, como um texto vivo, um organismo auto-organizante”; é o “ambiente de circulação de discussões pluralistas, reforçando competências diferenciadas e aproveitando o caldo de conhecimento que é gerado dos laços comunitários, podendo potencializar a troca de competências, gerando a coletivização dos saberes”; é o ambiente que “não tem controle centralizado, multiplicando-se de forma anárquica e extensa, desordenadamente, a partir de conexões múltiplas e diferenciadas, permitindo agregações ordinárias, ponto a ponto, formando comunidades ordinárias”.
Mas e a Educação o que tem feito diante da cibercultura?
Como vocês apontaram, as metodologias utilizadas na escola e universidades, tanto no modelo presencial quanto no online, ainda privilegiam a perspectiva monológica e uniderecional de transmissão dos conhecimentos. O professor sabe e fala o aluno escuta.
Todavia, " a geração digital", cada vez menos, vem aceitando estes posicionamentos pedagógicos tradicionalistas, uniderecionais e que tem por base o nonologismo como fonte de transmissão/imposição de conhecimentos. Pois, os "nativos digitais" "estão cada vez menos passivos perante a mensagem fechada à intervenção, pois aprenderam com o controle remoto da televisão, com ojoystick do videogame e agora com o mouse do computador conectado. Eles evitam acompanhar argumentos lineares que não permitem a sua interferência e lidam facilmente com a diversidade de conexões de informação e de comunicação nas telas. Modificam, produzem e partilham conteúdos. Essa atitude diante da mensagem é sua exigência de uma nova sala de aula, seja na educação básica e na universidade, seja na educação presencial e na educação à distância" (SILVA, 2009).
O nosso tempo mudou, a tecnocultura (a ciência aliada ás técnicas modernas) se transformou em cibercultura e as práticas pedagógicas, agora, estão imersas em novas perspectivas tecnológicas que, sem uma formação continuada adequada dos educadores, poderá provocar ou a ampliação qualitativa da educação ou o seu fracasso pedagógico.
Como já apontei acima, o conhecimento não é mais uma via de mão única e, sim, é um encontro entre saber, educador e educando: o nós em recriação e criação de saberes. Por isto que Marco Silva (2009) diz que "A participação do aprendiz inscreve-se nos estados potenciais do conhecimento proposto pelo professor, de modo que ambos evoluam com coerência e continuidade em torno dos objetivos de aprendizagem planejados. O aprendiz não está mais reduzido a olhar, ouvir, copiar e prestar contas. Ele cria, modifica, constrói, aumenta e, assim, torna-se coautor". Ou seja, O educador "garante a possibilidade de significações livres e plurais e, sem perder de vista a coerência com sua opção crítica embutida na proposição, coloca-se aberto a ampliações, a modificações vindas da parte dos aprendizes"(SILVA, 2009).
Marcos Silva nos aponta, ainda, algumas pistas para o fazer pedagógico co-autoral e interativo que são muito interessantes: Propiciar oportunidades de múltiplas experimentações e expressões; Disponibilizar uma montagem de conexões em rede que permita múltiplas ocorrências; Provocar situações de inquietação criadora; Arquitetar colaborativamente percursos hipertextuais; Mobilizar a experiência do conhecimento.
Portanto, a pedagogia da co-autoria e da interativa é a nova perspectiva que tanto a educação presencial como a online necessitam conhecer e implementar em seus processo pedagógicos. Somente assim, poderemos dizer que a educação ultrapassará modelos pedagógicos unidirecionais e monológicos em favor de uma perspectiva multidirecional e dialógica, rumo a uma qualificação e ampliação da educação brasileira.
Espero que tenham gostado de estar nesta posição de co-autores interativos de conhecimentos!
Abçs.
Referências
SILVA, Marco. Educação Presencial e Online: sugestões de interatividade na cibercultura. Disponível em: <http://abciber.org/publicacoes/livro1/textos/educacao-presencial-e-online-sugestoes-de-interatividade-na-cibercultura/>. Acesso em: 01. mar. 2012.
LEMOS, André. Cibercultura, tecnologia e vida social na cultura contemporânea. 4. ed. Porto Alegre: Sulina, 2008.