O filme Matrix 1 apresenta-nos um mundo dominado por computadores autômatos e auto-gestores que, após longa disputa pelo domínio da Terra com os seus criadores, o homem do século xx, passam a dominar o ambiente terrestre e passam a produzir homens, a partir de tecnologia genética, para se tornarem baterias energéticas para o sistema cibernético de sustentação do mundo tecnológico das máquinas.
Com a guerra entre homens e máquinas, o primeiro propôs a “queima do céu”, poluindo-o e impregnando-o com uma camada espessa de poeira tóxica que impediria que o sol penetrasse por ela e alimentasse as máquinas, que se supunha terem sido criadas para absorver energia solar.
Após o domínio das máquinas sobre os homens, estes passam a ser bateria para sustentar um sistema cibernético das máquinas. O homem passa a ser um gerador de energia térmica que sustentaria a Matrix, um supercomputador que forjaria uma vida ideal para os pensamentos dos seres humanos que se tornaram bateria térmica.
A Matrix, portanto, é um sistema de controle dos desejos (desejos de se revoltarem contra o sistema), das atitudes, da vida dos seres humanos. Presos aos plugs de sustentação das baterias da Matrix, o homem, desde suas formação embrionária, ficaria impedido de ser autônomo, autômato e reflexivo para se tornar um ser inanimado, um suporte energético para a Matrix. O mundo do qual os seres humanos desfrutam no filme é um mundo ilusório gerado por um supercomputador da Matrix para que o homem leve uma vida benfazeja, ordenada, moralmente constituída, cientificamente comprovada e saborosamente feliz.
Neo (o protagonista do filme), um auxiliar de escritório de dia e um hacker à noite, será o escolhido para salvar a humanidade do domínio da Matrix. Auxiliado por Morfeu (que na mitologia grega era um deus que, após passar uma papoula vermelha sobre o homem, aparecia-lhe nos sonhos) aparece à Neo através do chat da internet, dizendo a ele que poderia responder-lhe a seu questionamento: o que é a Matrix?
Neo, ao questionar o que é a Matrix , irá nos remeter ao enfoque do filme e à proposta deste trabalho, a saber, porque existem momentos que paracemos estar sonhando acordado? Será que o mundo em que vivemos é real ou ilusório? Por que seguimos as regras, conceitos e mandamentos do sistema do qual estamos inseridos? Por que não podemos ser os mesmos e produzir nossa própria realidade?
Morfeu, acreditando que Neo é o escolhido, o dará a possibilidade de escolher entre viver no mundo ilusório (embasado em conceitos, comprovações científicas, verdades absolutas e paz perpétua) ou no mundo real (aquele que pela experiência sensível e vivida no mundo que nos cerca, poder-se-á ser reflexivo, criativo e atuante no mundo). Neo escolhe a pílula vermelha (como no mito de Morfeu) e entra na verdadeira realidade ( na nave Nabucodonossor em que se encontravam vários tripulantes, dentre eles a auxiliar direta do coronel Morfeu, a tenente Trinity; ver foto): o mundo real, um mundo caótico e destituído de valores de verdade conceituais, científicas absolutas em que o homem tem que produzir o dia-a-dia de sua existência.
É neste momento, que o filme será Trabalhado e interpretado no campo da Filosofia.
O que se pretende apresentar, ao discente do curso de Normal Superior, é que a filosofia procura despertar os alunos para a existência de dois mundo paralelos: um ilusório, promovido pelo posicionamento racionalista do ser humano; um mundo objetivado por conceitos e valores de verdade que fundamentam a rotina da vida humana nas sociedades; um sistema que impede o homem de refletir, desejar, transformar; um sistema de dominação promovido por uma cultura de massa que solapa qualquer possibilidade de criatividade humana. Outro real em que, a partir da experiência individual e coletiva, o ser humano reflete, deseja e transforma o mundo em que vive com suas ações criativas, éticas e políticas; um mundo em que os valores se transformam a cada nova reflexão-ação do ser humano na terra.
A filosofia despertará o ser humano (discente) do sono dogmático do sistema de valores que massificam os homens e mulheres nas sociedades contemporâneas.
Neo, levado a um oráculo (que, etimologicamente, pode ser entendido como a mensagem a ser recebida de uma divindade ou o mensageiro ao qual traz a mensagem dos deuses ao homem) no mundo ilusório da Matrix, receberá a seguinte mensagem: você não escolhido, para que sejas o escolhido terá que conhecer-te a ti mesmo e fazer um sacrifício. Escolher entre a sua vida e a de Morfeu.
Fica estabelecido, portanto, o elo de ligação entre o filme e a filosofia. Ora, desta mesma maneira, ao procurar pelo mais sábio dos sábios, Sócrates, no século V a.C., na Grécia Clássica, ao visitar o oráculo Pítia (ou Sibila) lerá no umbral do templo: Conheça-te a ti mesmo. Ora, Sócrates, além de conhecer-se a si mesmo, irá propor aos cidadão de sua cidade, Atenas, a filosofia como possibilidade de descoberta dos saberes individuais e criar novas possibilidades de valores conceituais para a fundamentação da realidade social de seu tempo. Tratando dos conceitos de virtude, coragem, justiça, entre outros, Sócrates proporá uma vida pelo saber para que se possa viver na felicidade.
O que se propõe com este trabalho, portanto, é que o discente, tomando contato com a filosofia, passe a se conhecer e a conhecer a constituição conceitual e pragmática do mundo em que vive; passe a entender o sistema de dominação ideológica do qual é constituída as sociedades, as instituições culturais e sociais e, sobremaneira, a instituição de ensino brasileira para que possa, a partir da reflexão do vários poderes de dominação social, situar-se no mundo como um agente transformador da realidade da qual está inserido. Tornando-se cônscio de seu poder transformador, o discente promoverá uma educação de qualidade e satisfatória às mudanças comportamentais dos seres humanos: transformar os seres humanos de agentes passivos e acéfalos dominados pelo sistema ideológico de seu tempo, em cidadãos reflexivos, éticos, esteticamente sensíveis e, sobretudo, politicamente atuantes nas sociedades em que vivem.
Neo, ao viver no mundo real, descobrirá o que é a Matrix (o sistema que nos oprime e nos seduz à docilidade) e tornar-se-á o escolhido transformando o mundo do qual está inserido. Percebendo-se como um ser de possibilidades no mundo, um ser humano autônomo, autêntico, autômato, apto a viver e enfrentar a desordem do mundo, promove-se em um novo posicionamento ético, estético e político e rompe com o sistema de dominação de seu tempo histórico (o tempo do filme). Foi tamanho o seu descobrir-se que despertou o amor da tenente Trinity (ver foto), um amor destinado ao futuro e selado com um grande beijo de salvação.
Neo, o salvador do mundo dominado pela Matrix, será o vigilante para que não se ocorra novas dominações sociais e sim novas alternativas de se viver criando, pensando e agindo no mundo social do qual se faz parte. E falando ao telefone com o telespectador dirá:
Eu sei que você está aí,
eu sinto você agora,
sei que está com medo.
Está com medo de nós,
está com medo das mudanças.
Não conheço o futuro,
eu não vim aqui dizer como isso vai acabar,
eu vim aqui dizer como vai começar.
Vou desligar este telefone,
e mostrar a essas pessoas o que não quer que elas vejam.
Vou mostrar a elas o mundo sem você [o sistema],
um mundo sem regras e controles, sem limites e fronteiras,
um mundo onde tudo é possível.
Para onde vamos daqui,
é uma escolha que deixo para você.
Com a guerra entre homens e máquinas, o primeiro propôs a “queima do céu”, poluindo-o e impregnando-o com uma camada espessa de poeira tóxica que impediria que o sol penetrasse por ela e alimentasse as máquinas, que se supunha terem sido criadas para absorver energia solar.
Após o domínio das máquinas sobre os homens, estes passam a ser bateria para sustentar um sistema cibernético das máquinas. O homem passa a ser um gerador de energia térmica que sustentaria a Matrix, um supercomputador que forjaria uma vida ideal para os pensamentos dos seres humanos que se tornaram bateria térmica.
A Matrix, portanto, é um sistema de controle dos desejos (desejos de se revoltarem contra o sistema), das atitudes, da vida dos seres humanos. Presos aos plugs de sustentação das baterias da Matrix, o homem, desde suas formação embrionária, ficaria impedido de ser autônomo, autômato e reflexivo para se tornar um ser inanimado, um suporte energético para a Matrix. O mundo do qual os seres humanos desfrutam no filme é um mundo ilusório gerado por um supercomputador da Matrix para que o homem leve uma vida benfazeja, ordenada, moralmente constituída, cientificamente comprovada e saborosamente feliz.
Neo (o protagonista do filme), um auxiliar de escritório de dia e um hacker à noite, será o escolhido para salvar a humanidade do domínio da Matrix. Auxiliado por Morfeu (que na mitologia grega era um deus que, após passar uma papoula vermelha sobre o homem, aparecia-lhe nos sonhos) aparece à Neo através do chat da internet, dizendo a ele que poderia responder-lhe a seu questionamento: o que é a Matrix?
Neo, ao questionar o que é a Matrix , irá nos remeter ao enfoque do filme e à proposta deste trabalho, a saber, porque existem momentos que paracemos estar sonhando acordado? Será que o mundo em que vivemos é real ou ilusório? Por que seguimos as regras, conceitos e mandamentos do sistema do qual estamos inseridos? Por que não podemos ser os mesmos e produzir nossa própria realidade?
Morfeu, acreditando que Neo é o escolhido, o dará a possibilidade de escolher entre viver no mundo ilusório (embasado em conceitos, comprovações científicas, verdades absolutas e paz perpétua) ou no mundo real (aquele que pela experiência sensível e vivida no mundo que nos cerca, poder-se-á ser reflexivo, criativo e atuante no mundo). Neo escolhe a pílula vermelha (como no mito de Morfeu) e entra na verdadeira realidade ( na nave Nabucodonossor em que se encontravam vários tripulantes, dentre eles a auxiliar direta do coronel Morfeu, a tenente Trinity; ver foto): o mundo real, um mundo caótico e destituído de valores de verdade conceituais, científicas absolutas em que o homem tem que produzir o dia-a-dia de sua existência.
É neste momento, que o filme será Trabalhado e interpretado no campo da Filosofia.
O que se pretende apresentar, ao discente do curso de Normal Superior, é que a filosofia procura despertar os alunos para a existência de dois mundo paralelos: um ilusório, promovido pelo posicionamento racionalista do ser humano; um mundo objetivado por conceitos e valores de verdade que fundamentam a rotina da vida humana nas sociedades; um sistema que impede o homem de refletir, desejar, transformar; um sistema de dominação promovido por uma cultura de massa que solapa qualquer possibilidade de criatividade humana. Outro real em que, a partir da experiência individual e coletiva, o ser humano reflete, deseja e transforma o mundo em que vive com suas ações criativas, éticas e políticas; um mundo em que os valores se transformam a cada nova reflexão-ação do ser humano na terra.
A filosofia despertará o ser humano (discente) do sono dogmático do sistema de valores que massificam os homens e mulheres nas sociedades contemporâneas.
Neo, levado a um oráculo (que, etimologicamente, pode ser entendido como a mensagem a ser recebida de uma divindade ou o mensageiro ao qual traz a mensagem dos deuses ao homem) no mundo ilusório da Matrix, receberá a seguinte mensagem: você não escolhido, para que sejas o escolhido terá que conhecer-te a ti mesmo e fazer um sacrifício. Escolher entre a sua vida e a de Morfeu.
Fica estabelecido, portanto, o elo de ligação entre o filme e a filosofia. Ora, desta mesma maneira, ao procurar pelo mais sábio dos sábios, Sócrates, no século V a.C., na Grécia Clássica, ao visitar o oráculo Pítia (ou Sibila) lerá no umbral do templo: Conheça-te a ti mesmo. Ora, Sócrates, além de conhecer-se a si mesmo, irá propor aos cidadão de sua cidade, Atenas, a filosofia como possibilidade de descoberta dos saberes individuais e criar novas possibilidades de valores conceituais para a fundamentação da realidade social de seu tempo. Tratando dos conceitos de virtude, coragem, justiça, entre outros, Sócrates proporá uma vida pelo saber para que se possa viver na felicidade.
O que se propõe com este trabalho, portanto, é que o discente, tomando contato com a filosofia, passe a se conhecer e a conhecer a constituição conceitual e pragmática do mundo em que vive; passe a entender o sistema de dominação ideológica do qual é constituída as sociedades, as instituições culturais e sociais e, sobremaneira, a instituição de ensino brasileira para que possa, a partir da reflexão do vários poderes de dominação social, situar-se no mundo como um agente transformador da realidade da qual está inserido. Tornando-se cônscio de seu poder transformador, o discente promoverá uma educação de qualidade e satisfatória às mudanças comportamentais dos seres humanos: transformar os seres humanos de agentes passivos e acéfalos dominados pelo sistema ideológico de seu tempo, em cidadãos reflexivos, éticos, esteticamente sensíveis e, sobretudo, politicamente atuantes nas sociedades em que vivem.
Neo, ao viver no mundo real, descobrirá o que é a Matrix (o sistema que nos oprime e nos seduz à docilidade) e tornar-se-á o escolhido transformando o mundo do qual está inserido. Percebendo-se como um ser de possibilidades no mundo, um ser humano autônomo, autêntico, autômato, apto a viver e enfrentar a desordem do mundo, promove-se em um novo posicionamento ético, estético e político e rompe com o sistema de dominação de seu tempo histórico (o tempo do filme). Foi tamanho o seu descobrir-se que despertou o amor da tenente Trinity (ver foto), um amor destinado ao futuro e selado com um grande beijo de salvação.
Neo, o salvador do mundo dominado pela Matrix, será o vigilante para que não se ocorra novas dominações sociais e sim novas alternativas de se viver criando, pensando e agindo no mundo social do qual se faz parte. E falando ao telefone com o telespectador dirá:
Eu sei que você está aí,
eu sinto você agora,
sei que está com medo.
Está com medo de nós,
está com medo das mudanças.
Não conheço o futuro,
eu não vim aqui dizer como isso vai acabar,
eu vim aqui dizer como vai começar.
Vou desligar este telefone,
e mostrar a essas pessoas o que não quer que elas vejam.
Vou mostrar a elas o mundo sem você [o sistema],
um mundo sem regras e controles, sem limites e fronteiras,
um mundo onde tudo é possível.
Para onde vamos daqui,
é uma escolha que deixo para você.
Octavio Silvério de Souza Vieira Neto Primavera 16/11/2006