Ler o texto, "Linguagens e Tecnologias na Educação" de Nelson De Luca Pretto, com certeza, é um caminho necessário para a compreensão do espaço e tempo contemporâneo e para a ressignificação da educação na Sociedade de Informação.
Discorrer pelas palavras de Pretto me fez relembrar algumas questões que há muito estavam sonolentas em minha alma.
A argumentação da descontinuidade e multiplicidade do real e do conhecimento se fazem presentes em meu cotidiano. Pois sempre digo às minhas alunas e alunos, na faculdade de Pedagogia, que minha tarefa, enquanto professor de filosofia da educação é destruir todos os ídolos e valores que se estabeleceram em suas vidas a partir das orientações impositivas das conceituações absolutas da realidade. Isto soa muito chocante e monstruoso, mas sendo nitzscheano, entendo que o conhecimento, na contemporaneidade só se estabelece a partir do descontrucionismo. Neste sentido me identifquei muito com o direcionamento proposto no texto.
Mas, tendo uma vissão reminiscente, há muito tempo, mesmo antes da filosofia em minha vida, me perturbo com a perspectiva ordenadora do ocidente o que me gerou a tomada de posicionamentos anti-ortodoxos diante da realidade. Como aponta Serres, aceito e propago a perspectiva de fortalecimento da rebeldia intelectual.
Me lembro que, muito novo na década de 80, ao ver um dos primeiros filmes que me tocaram a alma, o Clássico Blade Runner (O Caçador de Andróides), fui contagiado pela questão da tecnologia. Mais tarde, ao assistir The Terminator (O Exterminador do Futuro) tive outro choque tecnológico que se tornaria irreverssível em minha vida. A partir daí passei a ter um certa extreiteza com a questão da tecnologia e de seus avanços, a ponto de conhecer literatos como Adous Huxley e Isaac Asimov e passar a acreditar (em minha ingenuidade epistemológica) que seria possível, naquele momento, existir uma extrutura e um organismo complexos que dariam suporte à produção de andróides. O cinema (enquanto a arte do ilusório futuro) tem destas coisas.Mas não deixei de ter razão. Pois o futuro tecnológico da humanidade acontece porque, rebeldemente, imaginamos e cogitamos realidades não concebíveis.
Pouco tempo se passou e, hoje, estamos às voltas com as máquinas de ressonância magnética (que apreciam em Star Wars - Guerra nas Estrelas), a telemedicina, a nanotecnolgia, a tecnologia do DNA e céluas tronco, os sitemas de controle e vigilância mundo afora, a informação e a comunicação globalizante e, quem diria, robôs e andróides de toda espécie, com a mais típica ilusão que o cinema propôs com obras como o Bicentennial Man (Homem Bicentenário) e A.I. - Artificial Intelligence (A.I. - Inteligência Artificial) que expunham a relação entre o homem e a tecnologia com máquinas que beiravam a humanidade de seres mortais.
Além das lembranças, midiáticas, o texto me fez lembrar de pensadores da filosofia da ciência que me marcaram profundamente os tempos de faculdade. Foi um retorno à rebeldia acadêmica, quando me enveredei nos estudos de Werner Heisemberg com o seu princípio da incerteza, de Ilya Prigogine e sua teoria das estruturas dissipativas, Karl Pooper com a teoria do falseacionismo e Albert Eistein com a teroria da relatividade. Estes pensamentos marcaram muito minha persolidade e minha persistência pelo não habitual.
Pensando nisto, é que podemos perceber o quão atrasada está a educação. O mundo mudou, as teorias se relativisaram, a tecnologia tornou-se um ambinte em rede, acessível, comunicacional, globalizante e demarcadora de novas possibilidades criadoras e conceituais. E a Educação? Manteve-se grilhada a amarras conceituais remotas, tacanhas e sem sentido e efeito para a contemporaneidade. Costumo dizer que a educação permaneceu presa aos valores e métodos do século XVI. Como aponta Pretto, não há possibilidades, em pleno século XXI, de se educar em favor de hegemonias universais já que o formato desta era é o da não-lineraidade de diferenças e de interações.
Ora, Nietzsche já apontara que se teria de fazer no ocidente um retorno do apolíneo para o dionisíaco. Ou seja, temos que nos desprender da lógica conceitualista da modernidade e nos embrenharmos na trágédia, no acontecimento, na vida, na "única referência ao uno" que é o movimento, o devir.
Portanto, a relação que podemos estabelecer entre tecnologia e educação é a mais propícia que as gerações atuais podem explorar: tornar a educação uma rede. Pois desta meneira "o conhecimento passa, então, a ser trabalhado como um espaço acontinental, na singularidade do que acontece, com sentido e, ao mesmo tempo, ao nível da linguagem, num outro espaço, o das proposições, numa topologia de vizinhamnça das interações humanas" (Pretto).
Como aponta Jorge Larrosa a educação necessita de profanação, indisciplina, insegurança, impropriedade e, sobretudo, rebeldia. Somente, afeita a esta tarefa é que poderemos utilizar as tecnologias como suportes à criatividade e à produção de novos sentidos com e pela tecnologia. O que precisamos superar é uma educação sagrada que privilegie a reprodução, assimilação e massificação do ser humano. Talvez desta forma, poderemos fazer imaginações se tornarem realidade, no campo da educação. Pois ao visitar mundos como o de Blade Runner, do Exterminador, de Asimov, Huxley, Prigogine, Eisntein e tantos outros, com as ferramentas da tecnologia, podermos obter, nas escolas, novas mentes sonhadoras e criadoras de novos e admiráveis mundos e, sobretudo, avanços tecnológicos sem precedentes para uma vida colaborativa.
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