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quarta-feira, 23 de junho de 2010

Web/Internet e Ciberbullyng: em busca de um contrato cibercultural

Veja a Charge abaixo de Maurício Ricardo Quirino, Garoto Folgadão - Garoto Copy-Cola




Certamente, vivemos em um mundo diferente do que nossos ancestrais imaginaram para o futuro. Este fato pode ser comprovado ao dialogarmos com pessoas idosas e ao percebemos seus olhares estranhos e alheios ao torvelinho em que seus netos vivem em plena sociedade de informação e comunicação. Camus diria, algo próprio a um "estrangeiro" do espaço e tempo.
Me lembro que minha mãe, (já não presente neste espaço e tempo e muito saudosa) a Dona Edite, como era chamada, carinhosamente, por todos, apesar de uma exímia habilidade e expeìência na arte do design da moda (fez história nesta área, com ateliês de alta costura em São Paulo, anos 70, e em Minas Gerais, anos 80 e 90)  tinha uma resistência fabulosa em relação às tecnologias que se apresentavam à sua experiência. Muito vivaz, mas de um período em que se estudava até a 4ª série, por ser de classe não abastada, ao se deparar com VHS, Controle remoto, telefone sem fio e outras simples tecnologias da década de 80, ficava envolta por um fascínio tão grande que beirava o pavor e a impedia de manipulá-las com receio de ocasionar a pane de alguns destes sistemas de informação e comunicação.
Não pode conhecer a Web e suas infinitas possibilidades de pesquisa e investigação de realidades síncronas ou assíncronas em um mundo virtual (apesar que em 90 eu já me enveredava nos caminhos das TICs e conversar com ela sobre estes assuntos) . Não conheceu as possibilidades comunicativas  de nosso espaço e tempo, tampouco os móbiles que tanto auxliam como promovem agressões a nós que os utilizamos. Certamente, esta realidade a teria deixado perplexa.
Mas, aqui estamos, imersos nas redes e paradoxos de uma realidade virtual que nos impulsiona a conhecer, compartilhar, relacionar, interagir, conectar, sincronizar, virtualizar e tantos outros verbos que dão suporte às TICs, na atualidade.
 Não podemos mais viver apáticos a tudo o que as TICs promovem em todos os setores de nossa vida cotidiana. Estamos cada vez mais conectados aos sistemas de informação e a tendência é uma invasão em massa destas TICs no seio da família com o advento, por exemplo, da Google TV. Sem mencionar o "boom" tecnológico em que as instituições, empresas e indústria sofrerão nos próximos anos.
Como apontei recentemente no blog a literatura e o cinema, há tempos, sondavam a possibilidade de um avanço tecnológico nesta direção. Obras célebres de Adous Huxley, Isaac Azmov e filmes clássicos do cinema como Blade Runner (O Caçador de Andróides), The Terminator (O Exterminador do Futuro), o Bicentennial Man (Homem Bicentenário) e A.I. - Artificial Intelligence (A.I. - Inteligência Artificial) apontavam para tecnologias que em suas épocas eram insignificantes à realidade (ficções), mas que tornam-se a cada dia possível em nosso espaço e tempo. A nanotecnologia, a robótica, e genética e a informática não deixam nenhuma marca ilusória quanto a esta questão.
Todavia, como é próprio do movimento da realidade e do estado de luta humana, nem tudo "são mares de rosa". Em meio as infinitas possibilidades de armazenamento, ressignificação e disponibilização de dados nas redes da Web/Internet, fica evidente o estado de natureza do homem que vilipendia como toda a força produtiva do conhecimento,  da comunicabilidade, da educabilidade e da liberdade de expressão próprio da sociedade de informação e passa a usar esta importante ferramenta de nosso tempo como arma de destruição em massa, como ferramenta de agressão psicológica e social com o ciberbullyng. Como diria Thomas Hobbes "O homem é o lobo do homem", o homem, com toda a potencialidade a ampliação de sua realidade permanecerá na condição do estado de natureza que despreza, maltrata, amargura, escandaliza e desorganiza a vida alheia com seu impulso instintivo e  animal à depredação.
Nestes termos, minha saudosa mãe e a maioria das pessoas que não compreendem a importância, significação e multiplicidade de possibilidades que as TICs nos oferecem, a vêem como o escândalo virtual do espaço e tempo da geração “copy cola”. Uma geração tão livre que se esquece que em espaços de coletividade como a escola, a clínica, a praça e o ambiente virtual necessitamos de um "contrato cibercultural" em que todos no ambiente de rede, o explorem para que se construa o bem comum, para que se cresça, se amplie, se relacione, se crie, se ressignifique com bases em uma convivência pacífica, harmoniosa, fraterna e, sobretudo, hipertextual. Pois como aponta Pierre Levy, "Hipertexto é, tecnicamente, um conjunto de nós ligados por conexões".

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