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sábado, 23 de maio de 2009

A Fomação e Expansão da Consciência Simbolizadora Humana

A formação da consciência humana passou por um processo de evolução gradual que situou o ser humano no patamar de racionalidade da atualidade. Pois, desde os idos primordiais, o ser humano estabelece um vínculo entre seu pensamento e a natureza do mundo, das coisas, dos outros à sua volta, e sobre si mesmo como um retorno a seu próprio pensar. Com isto, poder-se-á dizer que a consciência humana emergirá e se desenvolverá como estratégia da vida em favor de uma ação primaria para a sobrevivência.
Tal fato ocorrerá, porque os homens têm uma tendência espontânea para admirar, descobrir, conhecer, compreender e buscar as causas do mundo natural, as coisas objetivas, os outros nos campos de afetação e a si mesmo enquanto presentificação na natureza e na sociedade em que vive.
Nestes termos, Severino (1992, p. 20) dirá que "(...) a consciência humana se inaugura como impulso vital originário, como uma espécie diferenciada de instinto, sem rigidez de um puro mecanismo. E, nesse nível, a consciência faz corpo com o agir dos homens que assumem então um papel de sujeitos dessa ação, subjetividade até então puramente vivenciada, que não se dava conta de si mesma".
Portanto, neste processo de feitura da consciência e do dar-se conta de si mesmo, uma subjetividade relacionada com o mundo a sua volta, o homem desencadeará formas diversas de agir para sobreviver em seu contexto sócio-histórico cultural, reorganizando ou modificando os recursos naturais disponíveis em sua realidade. Ou seja, “essa capacidade é um dado novo, essa disponibilidade de um equipamento que lhes permite modificar, de acordo com uma intenção subjetivada, a ordem instrumental mecânica do mundo natural” (SEVERINO, 1992, p. 20).
No limiar deste processo o ser humano subjetivado irá promover três esferas da existência humana, a saber, a prática produtiva, criadora das condições técnicas do trabalho; a prática social, gerenciadora dos agrupamentos sociais; e a prática simbolizadora, geradora dos conceitos e valores do mundo, das coisas, dos outros e do si mesmo.
Contudo, no decorrer do exercício ativo de tais práticas humanas, umas esferas em relação às outras, adquirirão certa autonomia e independência, como se as mesmas tivessem finalidades próprias, uma vez que se utiliza de recursos específicos para as suas implementações.
Este é o caso da prática simbolizadora que se expandirá e se transformará, ao longo dos tempos, devido ao uso constante da subjetividade humana. Assim surgiram as explicações acerca do mundo, das coisas, dos outros e do si mesmo em bases mitológica, religiosa, científica, artística e fundamentalmente filosófica. A expansão da consciência simbolizadora, ocorrida através dos cilcos da história humana, passará de uma instância primordial em que a vida orgânica e instintiva realizará as curiosidades acerca da realidade para uma consciência vivencial, após para uma consciência representativa, em seguida para uma autoconsciência e, finalmente, aportando, em um estágio último, uma consciência crítico dialética, o que levará a dizer que: “(...) a atividade simbolizadora da consciência expressa a capacidade que o homem adquiriu, com esse equipamento, de substituir as coisas por um “substituto mental”, de tal forma que pode lidar com os objetos do mundo e respectivas relações num plano de reduplicação, os conteúdos mentais podendo ser trabalhados sem uma vinculação física aos objetos extramentais a que supostamente correspondem. Por exemplo, se vamos cortar um objeto, antes de corta-lo fisicamente, ”cortamos mentalmente” sua representação simbólica...”(SEVERINO, 1992, p. 35).

Bem, é com tal prática simbolizadora autônoma e independente que o homem gerará toda sorte de explicações acerca da realidade, a saber, o senso comum, o mito, a religião, a arte e a ciência, que ao lado da filosofia tentarão engendrar a realidade constitutiva do mundo natural, das coisas, dos outros e de si mesmo.
Dito desta forma, é que poder-se-á entender a relação existente entre a FILOSOFIA, o filme MATRIX, o filme PERFUME e o filme O MUNDO DE SOFIA.
Ora, se é próprio do homem uma prática simbolizadora,
também o é próprio a criação de realidades no mundo, sejam elas como as propostas no mundo da Matrix, ou as intencionadas por Jean Baptiste Grenauille, em Perfume, ou as de qualquer desejo subjetivo da alma humana como o vivido por Sofia Amundsen em O Mundo de Sofia. É com a prática simbolizadora que o homem pôde tentar satisfazer às perguntas fundamentais que inquietam a existência humana: quem sou?; de onde vim?; para onde vou? Tais questionamentos foram e são responsáveis por toda sorte de conhecimentos que os seres humanos são capazes. Essa é a história da filosofia, a história de seres humanos que se puseram a pensar e simbolizar a realidade da qual estão inseridos. Em uma palavra, o ser humano é o criador, gestor e ordenador da realidade que o circunda, seja ela sagrada ou profana, a partir de sua tendência à representatividade consciente da realidade.
Enfim, O mundo, as coisas, os outros, o si mesmo, as hierarquias, os poderes e os saberes são todos pensados e pensamentos da subjetividade humana. São conjeturas humanas. Aqui se pensa, aqui se cria!



Octavio Silvério de Souza Vieira Neto

Inverno de 2009

2 comentários:

  1. ACHEI INTERESSANTE, EU VI O FILME QUEM SOMOS NÓS, NO FILME FALA SOBRE FISICA QUANTICA E O QUE A MENTE PODE FAZER CONOSCO, EU ESTOU MUDANDO MINHA MANEIRA DE PENSAR E JA VI ALGUMAS MUDANÇAS.

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  2. EXCELENTE EXPLICAÇÃO, SOU ALUNO DE PEDAGOGIA DA UFRN E ESSE TEXTO FOI DE SUMA IMPORTÂNCIA PARA MIM, JÁ QUE ESTOU ESTUDANDO AS ESFERAS DA EXISTÊNCIA HUMANA

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