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quarta-feira, 9 de abril de 2014

Conversas Sobre Avaliação e Medidas Educacionais - Ano 3:Avaliação e Medidas Educacionais (Curso de Pedagogia FACED/UFJF em março de 2014) - O Problema da Pedagogia da Transmissão e da Avaliação na Educação Brasileira

Este texto é a síntese elaborada a partir de debate produzido em fórum. Os Nomes entre parenteses referem-se às interpretações elaboradas pelos educandos que foram sistematizadas neste texto.

ANTES DE LER O TEXTO ASSISTA AO VÍDEO ABAIXO:




Vocês trouxeram para a nossa discussão pontos significativos que me permitem fazer uma breve síntese do que foi estudado ao longo das duas primeiras semanas da disciplina.


Um dos pontos que fica evidente quando lançamos o nosso olhar em direção à educação é o de que o processo de ensino e aprendizagem e suas avaliações têm se apresentado de forma nebulosa e estranha. Como a maioria de vocês constatou, é necessário que haja uma mudança na maneira como compreendemos e como atuamos na educação para que possamos começar a caminhar rumo à uma educação de qualidade que promova a verdadeira emancipação do educando e o consequente crescimento do país.

Paulo Freire tinha razão quando propunha que o único caminho seria o da democratização da educação por meio de uma proposta pedagógica dialógica.

Esta perspectiva fica clara quando escutamos as diversas vozes de vocês, expressas no fórum, mostrando como a nossa educação está impregnada de um estilo de educação bancária, que nada mais é que uma compreensão equivocada do professor que vê "o educando como uma vasilha que deve ser cheia [...] [e o professor sendo] os donos do saber só passando os conteúdos, [...] [cumprindo] o currículo, não [problematizando] os conteúdos em sala [e não dando] voz aos educandos (Karla).

Neste sentido, podemos entender a educação bancária como um "sistema escolar tradicional [...] cheio de falhas (Valmir), como "a pura transferência de conteúdos, a não participação do educando na produção do conhecimento [e sendo] um dos elementos responsáveis pela desmotivação, pela falta de interesse em estudar o que é "passado" em sala de aula (Lucimar) em função de a escola estar impregnada de uma pedagogia da transmissão. Uma vez que "essa educação baseia-se na existência de um mundo estático e harmonioso , isto é, sem contradições (próprio das concepções nominalistas de explicação da realidade), [...] [resultando que] as práticas dessas concepções estão voltadas para a transmissão e avaliação de conhecimentos abstratos, práticas estas que continuam muito presente no sistema de ensino de nosso país" (Idemarcia).

Ora Freire, ao contrário do exposto acima, pensa a educação como espaço de potenciação dialógica do eu-outro-mundo, uma "proposta de educação libertadora, [por] romper drasticamente com esta forma [tradicional de se] pensar a Educação, [configurando-se como] uma quebra de paradigmas [...](Valmir). Pois, "Freire relata que ensinar a pensar é a melhor forma de se produzir conhecimentos" (Paula), uma vez que, uma pedagogia onde o educador usa uma educação baseada no diálogo como instrumento metodológico, permitindo uma leitura crítica da realidade, usando a linguagem do povo com a finalidade de liberta-lós, [...] [promove reflexões] sobre a opressão e seus efeitos [é o surgimento de uma]  ação transformadora (Grecelene). Isto reflete no tom como Freire compreende o educador em sua relação pedagógica com o educando, uma vez que, o educador é "mediador de uma educação dialógica que problematiza o aprendizado e ao mesmo tampo dá oportunidades aos alunos de tornarem-se os co-autores dos seus próprios desenvolvimentos, [...] [valorizando] o aluno pelo que ele é e não pelo que ele demonstra em uma avaliação feita através de testes e provas (Laudiceia Benicio). Ora, o que Freire está nos propondo é que passemos a compreender que "enquanto educadores, [temos que centrar o nosso trabalho focado] na conscientização [do oprimido] e que para o oprimido não é suficiente que se tenha a consciência crítica da opressão, mas que [...] se disponha, com sua consciência crítica, transformar a realidade na qual esta inserido (Grecelene). Pois, "dando ênfase na discussão de temas sociais e políticos, o professor orientará as atividades e participará juntamente com os seus alunos [da transformação da realidade, considerando] a educação como reflexão sobre a realidade existencial [e se articulando] com essa realidade nas causas mais profundas dos acontecimentos vividos, procurando inserir sempre os fatos particulares [nos acontecimentos e conhecimentos globais] (Susana).

Pensando desta maneira, qual seria o papel da avaliação na educação?

Do ponto de vista etimológico, podemos compreender o termo "avaliação" como "prova; verificação; ato de avaliar; valor determinado pelos avaliadores; estabelecimento do valor de algo, cálculo; apreciação da competência ou o progresso de um aluno ou de um profissional; arbitragem, feita por peritos, que tem por fim a determinação do valor de certos bens ou produtos." (https://www.google.com.br/search?q=define%3A+avalia%C3%A7%C3%A3o&oq=define%3A+avalia%C3%A7%C3%A3o&aqs=chrome..69i57j69i58.7641j0j7&sourceid=chrome&espv=2&es_sm=93&ie=UTF-8)

Decorre dos significado do étimo "avaliaação", que podemos sim intuir a avaliação como o simples processo de verificação ou classificação de valores, dos objetos, das pessoas. Contudo, a melhor maneira de compreendermos o significado de avaliação na educação, refere-se ao ato de promover a apreciação da competência ou o progresso do sujeito.

Feito esta análise, nos aproximamos da proposta de Luckesi que relata no vídeo que "a avaliação da aprendizagem é parte integrante do processo ensino/aprendizagem e ganhou, na atualidade, espaço muito amplo nos processos de ensino [como] garantia da aprendizagem do educando, [trazendo] consigo o resultado do trabalho pedagógico realizado no cotidiano escolar" (Iracema). Ou seja, “o objetivo da avaliação é garantir o sucesso do aluno no processo da aprendizagem” (Idemárcia). Contudo, sem querer generalizar, como constatamos em nossa experiência cotidiana na educação "avaliação, muitas vezes, tem sido utilizada mais como instrumento de poder nas mãos do professor, do que como resultado para os seus alunos e para o seu próprio trabalho" (Cleudiane).

Mas como apontamos, temos que tomar cuidado para não promovermos generalizações e esquecermos de que "há aquelas escolas que tem na avaliação um fator importante para o processo ensino/aprendizagem, fazendo com que o aluno vivencie sua realidade no espaço escolar e consideram suas produções qualitativas e não só quantitativas [e] do profissional desta escola se requer um preparo técnico, com capacidade de observar, diagnosticar, interferir e produzir resultados com o aluno. Neste contexto, a escola vivencia a avaliação da aprendizagem, como um novo paradigma, onde o processo é capaz de mediar informações com a construção do currículo deste aluno de forma a gerar resultados que contemplem os objetivos propostos para esta aprendizagem" (Valdineia).

Assim, diante destes exemplos podemos nos aproximar das propostas de Freire (da educação democrática e dialógica) e de Luckesi (de uma avaliação eficiente e qualitativa), uma vez que o ato de avaliar "é um ato de investigar, de produzir conhecimentos", [pois] a avaliação necessita ser praticada com o rigor da metodologia científica [e suas] características [devem ser garantidas pela] sistematicidade, linguagem compreensível, conteúdos [compatíveis] com os [saberes] que foram ensinados e precisão" (Ana Maria). Temos que ter em mente que a avaliação "conforme define Luckesi (1996, p. 33), 'é como um julgamento de valor sobre manifestações relevantes da realidade, tendo em vista uma tomada de decisão'. Ou seja, ela implica um juízo valorativo que expressa qualidade do objeto, obrigando, consequentemente, a um posicionamento efetivo sobre o mesmo" (Cleudiane). Assim temos que a avaliação qualitativa na educação requer a garantia do "sucesso da aprendizagem em qualquer lugar, ela é a nossa parceira, é um diagnóstico, que aponta os resultados obtidos durante as aulas e se eles foram positivos ou negativos"(Laudiceia). A avaliação é parceira no sentido de produzir efeito positivos ao processo de ensino e aprendizagem, sendo esta, "um recurso para o educador aperfeiçoar a sua prática (Grecelene).

Portanto, o ato avaliativo "se faz sim necessário, mas precisa ser pensado e planejado consciente e sistematicamente, a fim de que se consiga fazer uma educação, em que educadores e educandos se façam sujeitos do seu processo, superando o intelectualismo alienante, superando o autoritarismo do educador 'bancário'" (Natalia). Por isto, é necessário que na sala de aula "[...] a avaliação [seja] praticada com o rigor da metodologia científica, sua linguagem precisa ser compreensiva e ter compatibilidade com os conteúdos que foram ensinados e, também, com o mesmo nível de dificuldade, complexidade e metodologia, pois, caso contrário, poderá haver uma distorção dentre o que foi ensinado e o que está sendo cobrado do aluno. Se os resultados das avaliações forem satisfatórios será muito bom e se não for, terá que ter a intervenção pedagógica para que todos os alunos tenham a oportunidade de aprenderem dentro do prazo previsto e não fiquem prejudicados de acordo com o seu ano de escolaridade" (Laudiceia). Neste sentido, é que podemos escutar Luckesi dizendo que a avaliação, no sentido tradicional da palavra, não avalia nada. Pois, "é mais valioso observar o avanço diário do aluno, valorizando seu aprendizado durante sua vida escolar, [uma vez que] a avaliação deve ser pensada como uma parceira no sentido de produzir efeitos positivos, pois é um recurso para o educador aperfeiçoar sua prática" (Erica).

Assim, pensar "a avaliação em um contexto de educação autêntica, compreende que o educador deva pensar em modificar seu modo de avaliar, [em favor de subsidiar] a construção do melhor resultado possível e não, pura e simplesmente, aprovar ou reprovar alguma coisa, [ou pessoa]" (Idemarcia). "A avaliação deve ser vista como um instrumento de diagnóstico, onde deve localizar a deficiência do aluno no conteúdo lecionado e a partir daí ter uma base para programar o planejamento que deve ser ensinado. Segundo Luckesi a avaliação é um julgamento sobre uma prática, estabelecidos previamente para tomadas de decisões" (Susana). Luckesi ainda enfatiza que o professor deve planejar suas atividades não estabelecendo apenas que o aluno aprenda o que lhe daria a média da nota [estipulada] na avaliação. Pois assim, não irá requerer a competência que o aluno realmente possui e nem irá ter um diagnóstico preciso para que possa permitir ao aluno reconstruir seu próprio conhecimento. A avaliação, neste contexto, "é um instrumento na mão do professor, que pode controlar e criar critérios para a aprovação e reprovação do aluno, podendo, se não for um profissional compromissado e sensato em busca de uma educação de qualidade, prejudicar a espontaneidade e criatividade dos alunos, tornando-os submisso a um autoritarismo, que não é nada pedagogicamente correto" (Laudiceia Benicio).

Decorre destas considerações que o ato de educar "está bem mais além do educar para simplesmente fazer testes e provas. [Por não se resumir] a um conceito formal e estático, o ato de educar requer que o aluno obtenha conhecimentos favoráveis à construção de sua aprendizagem, [a fim de] que esta aprendizagem seja efetiva e produtiva" (Valdineia). "Significa reconhecer que o aluno não precisa apenas fazer testes e provas. Suas diferentes concepções de vida geram novas possibilidades de ensino, onde há uma necessidade de ampliar e construir novos conhecimentos, implicando flexibilidade quanto aos objetivos, os conteúdos e as formas de ensinar e avaliar dentro de uma contextualização de recriação de um currículo escolar, sempre que assim se fizer necessário" (Laudiceia Benicio).

Mas, como apontamos, infelizmente, estas concepções ainda passam ao largo da maioria das escolas brasileiras e a pedagogia continua sendo bancária e a avaliação ainda é feita de forma a testar a quantidade de conhecimentos "depositados", transmitidos ao educando. Assim, pensamos que "educar para fazer teste e provas não seja o primordial, mas infelizmente, [tem sido a tônica nas escolas e instituições], pois a todo o momento somos avaliados dessa forma, [como nos] vestibulares, na faculdades, nos concursos, etc., [sendo, assim, necessário ocorrerem] mudanças [...] em todos os setores [da vida prática] e não somente na educação" (Karla).



Bem pessoal, estas foram as principais considerações que extraímos dos conhecimentos mediados por Freire e Luckesi, nesta etapa do nosso curso, e que foram compreendidos por vocês, neste fórum.

Abçs.

Referências:

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
LUCKESI, Cipriano Carlo. Avaliação da Aprendizagem. [vídeo]. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=JNV_hcWVH-A. Acesso em: 01. mar. 2014.