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quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Conversas Sobre Educação Online - Ano 2: Educação Online: reflexões e práticas (Discussões sobre Educação Online no Curso de Pedagogia FACED/UFJF em dezembro de 2012) - Diferentes Abordagens de Educação a Distância

Boa tarde pessoal,

Que bom que o texto do Valente lhes inquietaram tanto e trouxe um grande debate sobre a dinâmica processual do nosso curso. Isto aponta, de início, para um distanciamento de modelos pedagógicos tradicionais (pois no tradicional não se interpreta e critica as supostas autoridades pedagógicas), além de demonstrar alguns limites e posicionamento da nossa proposta pedagógica em relação a outras disciplinas e às tendências pedagógicas geralmente utilizadas por tais disciplinas.

Posso salientar, de início, que estou muito contente por vocês terem quebrando alguns encantamentos da modernidade (presentes nas modalidades pedagógicas tradicionais) e terem soltado a voz crítica e reflexiva que há dentro de todos nós (a atitude filosófica: o olhar da suspeita e da inquietação) que, a partir de uma interpretação textual, trouxe-nos tantos pontos instigantes para este debate online.  

A inquietação e indagação da Daniela Rodrigues (que por sinal muito procedente) foi um grande estopim que fez soltar a criticidade de vocês para pensarmos as informações presentes no texto, a fim de transformá-las em conhecimento vivo: "Será que essa disciplina é semelhante a "Virtualização da escola tradicional" ou apresenta algumas características da modalidade educacional "O estar junto virtualmente?" 

Mas antes de argumentarmos a respeito das indagações da Daniela vamos verificar o que o Valente delimita por Informação e Conhecimento: "A informação será tratada aqui como os fatos, os dados que encontramos nas publicações, na Internet ou mesmo o que as pessoas trocam entre si. Assim, passamos e trocamos informação. O conhecimento é o que cada indivíduo constrói como produto do processamento, da interpretação, da compreensão da informação. É o significado que atribuímos e representamos em nossas mentes sobre a nossa realidade. É algo construído por cada um, muito próprio e impossível de ser passado - o que é passado é a informação que advém desse conhecimento, porém nunca o conhecimento em si" (VALENTE, s.d., p. 01).

Partindo deste princípio podemos, agora, discutir um pouco do que entendemos como abordagem pedagógica e de como podemos entender este curso de "Educação Online" no curso de Pedagogia.

Diante da conceituação do que seja a informação e o conhecimento, já podemos pressupor que a modalidade pedagógica da disciplina se afasta dos modelos que primam pela simples transmissão de informação para se situar em uma perspectiva de produção/criação de conhecimentos que se originam da interpretação e da dialogicidade dos atores no processo de ensino e aprendizagem. Foi neste sentido que podemos ouvir a voz inquieta da Thamiris quando diz: [o texto] “me fez refletir sobre o nosso papel nessas aulas, se é como de receptor ou cocriadores (como foi discutido no texto anterior)?” 

O objetivo principal de nossa disciplina é proporcionar ao educando um ambiente de aprendizagem interativo em que aconteça a cocriação/coprodução de conhecimentos, por emanarem de “um conjunto de aprendizagens que pode ser utilizado de varias formas na educação e na construção do ensino, [pois] essa interação permite tanto ao aluno quanto ao professor um desenvolvimento amplo, no aprender, no ensinar e desenvolver um complementando o outro”, como apontou a Thaynara.

Analisando o nosso contexto pedagógico por este viés  começamos a nos distanciar da modalidade de aprendizagem Broadcast, uma vez que a interação digital se distancia das formas de aprendizagem presenciais tradicionais e de modalidades de EaD que não têm como prerrogativa a interatividade entre “o aluno e o professor, para que um passe ao outro informação e as converta em conhecimentos” como disse a Jessica Nascimento. Pois, como aponta André Lemos (2008, p. 110) a interatividade (conexão, conversação) só acontece quando estamos diante de um “ambiente dialógico ou como alguns autores preferem, o common groud, o espaço onde se dá a interatividade: ’um espaço conjuntamente habitado, onde o sentido tem lugar e molda a colaboração e as sucessivas aproximações dos participantes’”

Neste sentido, é que podemos dizer que nos aproximamos da modalidade de aprendizagem de Virtualização da Escola Tradicional que, também, traz consigo, como diz Valente, “(...) alguma interação entre o aluno e o professor. Essa interação é feita via Internet tanto para o professor, quanto para o aluno enviar informação para o professor. Assim, o professor passa a informação ao aluno que recebe essa informação e pode simplesmente armazená-la ou processá-la, convertendo-a em conhecimento” (VALENTE, s.d., p. 03). 

Contudo, além disto, se notarmos, temos presente no curso algumas características da modalidade Broadcast, quando lhes indicamos vídeos, tutoriais, artigos, hipertextos, entre outros. Mas, que fique claro, não é a prerrogativa do curso.

Bem, partindo desta primeira interpretação sobre os conceitos de informação e conhecimento e sobre as modalidades de aprendizagem expostas acima, torna-se aceitável os questionamentos e interpretação de vocês (Daniela Rodrigues, Daniela Lima, Bianca Toledo, Raissa, Bianca Falci) em relação a qual modalidade de aprendizagem é pautada a disciplina de Educação Online: reflexões e práticas, ou ainda o questionamento da Daniela Lima que nos reporta à seguinte questão: “Seria [a disciplina] uma mescla entre as duas metodologias? Havendo uma mistura, isso resultaria em uma quarta modalidade?

Eu diria que temos sim uma mesclagem das duas modalidades de aprendizagem (Broadcast e Virtualização da Escola Tradicional). Todavia, se analisarmos o que Valente diz sobre a modalidade de aprendizagem, Estar Junto Virtual, poderemos perceber muito claramente que o nosso curso tem um enfoque nesta modalidade, uma vez que “a implantação de situações que permitem a construção de conhecimento envolve o acompanhamento e assessoramento constante do aprendiz no sentido de poder entender o que ele faz, para ser capaz de propor desafios e auxiliá-lo a atribuir significado ao que está realizando. Só assim ele consegue processar as informações, aplicando-as, transformando-as, buscando novas informações e, assim, construindo novos conhecimentos” (VALENTE, s.d., p. 04). 

Ora, o que estou fazendo aqui, neste instante, é este processo de ressiginificação de suas interpretações sobre o texto e, mostrando-lhes como podemos juntos (com as nossas vozes) cocriar/coproduzir novos conhecimentos. Somos todos coautores desta reflexão que é o reflexo e a refração de nossas interpretações.

Pensando e agindo desta forma, é que podemos, em um processo dialógico escutar o outro para que possamos cocriar/coproduzir uma nova fala, que não é mais a minha fala, mas a fala fruto de uma interação entre ideias, pensamentos e interpretações.

Por isto, a Analice tem razão ao dizer que a “aula online cria um espaço com capacidade maior de integração, fugindo do tradicionalismo da aula normal, a qual não se busca meios de integração, de melhoria na relação aluno-professor e de melhores técnicas de ensino. Já nas aulas online, são abertos espaços de relação direta entre aluno e o professor, criando uma ampliação das informações e eficácia no entendimento. A adaptação do aluno nesse método escolar é muito melhor compreendida por criar um espaço ainda maior para o conhecimento e auxiliar na aprendizagem”. Ou como afirma a Izabel de que a ”[na nossa disciplina Online], (...) temos um bom espaço virtual de aprendizagem. Pois temos como interagir, seja através dos fóruns, ou [tirando] as dúvidas, [com] a relação professor-aluno e aluno-aluno [(todos-todos)]. É aproximativa, podendo construir conhecimento, não somente reter informações que depois serão esquecidas”. 

Assim podemos afirmar que a disciplina de Educação Online: reflexões e práticas (sendo uma proposta de ensino semi-presencial e não uma proposta de ensino à distância) tem como prerrogativa a modalidade de aprendizagem Estar Junto Virtual, apesar de não desprezar os procedimentos das outras duas modalidades de ensino. Como diz a Rafaela, “a nossa disciplina se encaixa no 'Estar Junto Virtual' (descrição-execução-reflexão-depuração-descrição) porque há uma grande interação entre professor-aluno a partir de recursos da internet o que não ocorre no "Broadcast" onde este só passa informações e não interage com o aluno e as informações não são aplicadas em matérias restritas [como] ocorre na "Virtualização da Escola tradicional". Pois, o campo de atuação dessas informações é grande. A diferença que percebo é o numero de alunos porque no texto cita que o ideal é 20 alunos mas em sala o numero é bem maior”. E ainda, como diz a Raissa, "o ‘estar junto virtual’ me chamou atenção, pois o professor pode vivenciar com o aluno o processo de construção do conhecimento, [através de um acompanhamento], constantemente. Essa última abordagem ao meu ver é a mais interessante, pois o aluno pode interagir com o professor constantemente como se tivesse em uma sala de aula tradicional”. Ou ainda, como disse a Bianca Falci: “sem dúvida essa novidade traz consigo a interação entre professor-aluno, novas informações e, consequentemente, mais conhecimento. Pode ajudar a mudar a visão dos alunos (o que era uma sala de aula tradicional e "chata" agora se tornou um espaço de interação). No nosso caso, também acho que essa disciplina transita em dois meios: o tradicional e o virtual. Por muitas vezes percebo que as aulas são ministradas e nós a ouvimos, mas ao mesmo tempo, também, temos o nosso espaço online onde conversamos, tiramos dúvidas, estudamos, participamos, nos aproximamos e interagimos. Isso é muito bom e percebo que está ajudando muito no desenvolvimento da disciplina. (...) Temos cada um sua forma de entender, questionar, aprender, debater, por isso a Educação à Distância possui muitas lacunas para serem preenchidas. Penso que um grande passo já foi dado, mas ainda falta muitos para que chegue realmente a uma grande Educação à Distância.”

Certamente, estamos apenas engatinhando em termos de educação a distância e temos muito a pensar, questionar e cocriar em relação às modalidades de aprendizagem na EaD. Ainda existem muitas barreiras, como alerta a Analice, “ao incluir o aluno no meio tecnológico a partir do uso dos computadores e na falta de recursos financeiros para inserção da tecnologia [nas escolas e na vida dos cidadãos]”. Outro fator preocupante é o que apontou a Manuela de que “é bastante viável e interessante a intenção que essas aulas tem para a construção do conhecimento dos alunos, mas ao mesmo tempo, não é completamente a solução para superar os problemas que as escolas passam”. Como ressaltou a Bianca Toledo e concordaram a Jéssica, a Lídia: “[há] dificuldades de implantar o computador na realidade da escola, porque sem o domínio do mesmo complica bastante o processo de educação, podendo assim atrasar e tornar cansativo para quem já tem [certo] domínio [das tecnologias de informação e comunicação]”.  E por fim, como apontou a Alexandra, “a dificuldade financeira para inserção do aluno tecnologia e uma das barreiras, pois como incluir o aluno na tecnologia se não há acesso (conexões) ao mundo virtual?”.


Fica desta experiência o desabafo da Patrícia que diz: “me incomodava nas aulas de educação virtual no inicio da faculdade era exatamente esse sistema onde pouco se tinha o contato com o professor e aluno, vejo a importância da mediação do professor diante da construção do conhecimento pelo aluno, o aluno lê a informação, mas se não tiver [uma] comunicação de diálogo com [seus] pares, essa informação pode se perder no tempo e não fazer sentido para ele. (...) De fato vejo esse processo de 'broadcast' como um canal de televisão fechada, que nos passa informação o tempo [todo]. Porém não dialogamos com outro que realizou a informação. (...) A televisão [talvez] se mostre mais eficiente, pois caso estejamos com mais alguém assistindo o programa poderemos dialogar, criticar levantar questões do que está sendo passado, diferente do computador que é mais individualizado, a pessoa recebe aquela informação e necessário memoriza-la para caso encontre alguém que faça o mesmo curso construir um diálogo. Mas se pessoalmente muitas coisas se perdem imagina você memoriza-las sem antes adquirir sentido?”.

A ressalva que faço ao pensamento da Patrícia é que, hoje, temos plena certeza de que não estamos mais sós no ciberespaço (na rede). Basta percebermos o que acontece em nosso curso que o tempo todo estamos nos contatando, dialogando um com o outro, trocando informações e cocriando/coproduzindo conhecimentos. Ademais, na rede podemos estar dialogando nas inúmeras redes sociais que, além de informarem sobre muitos assuntos e temas, têm se mostrado como espaços de ressignificação dos conhecimentos por ser um ambiente dialógico e de encontro entre as pessoas.

Bem, o texto de Valente é mesmo provocativo para quem está atento ao que está acontecendo à sua volta (por isto gostei tanto de suas críticas neste fórum). Como argumenta a Ondina o autor “tratou muito bem da relação entre conhecimento, aprendizagem e informação [e] ressalto que concordo que nem sempre a informação mesmo transmitida, igualmente, será compreendida por todos da mesma forma.(...) Eu achei um bom texto para pensamos na relação das nossas matérias [disciplinas] e em quais compreendemos realmente os conteúdos: nas onlines ou nas presencias? Ou, [ainda, se o] nosso rendimento é o mesmo indiferente da forma de ensino?”. 

Por fim, cabe ao professor, como disse a Pâmela, “estar atento ao desenvolvimento dos alunos e se os [recursos e] meios utilizados estão sendo eficazes” para a cocriação/coprodução de conhecimentos. Para que a educação seja qualitativa tanto em ambientes online quanto em presenciais é imprescindível que o educador se entenda como o mediador dos conhecimentos e que identifique seus alunos como fazendo parte de um processo interativo de cocriação/coprodução de conhecimentos. Somente desta maneira, avançaremos para novos campos dos saberes nas sociedades humanas.

Espero que tenham gostado desta reflexão colaborativa!

Abçs.

REFERÊNCIAS

LEMOS, André. Cibercultura, tecnologia e vida social na cultura contemporânea. 4. ed. Porto Alegre: Sulina, 2008.
VALENTE, José Armando. Diferentes abordagens da educação a distância. Disponível em: <http://www.proinfo.mec.gov.br/upload/biblioteca/195.pdf>. Acesso em: 20 dez. 2012.